quarta-feira, 25 de junho de 2008

Amarelinha.

É que as palavras fugiram quando ele viu aquela a menina de cabelo cacheado, olhinhos pretos brilhantes, mochila nas costas, saia comprida, quase tropeçando no cadarço desamarrado do tênis. Todos os verbos silenciaram e ele só ouvia o coração batendo num ritmo desconhecido que seguia a cadência dos passinhos que vinham em sua direção. Pensou em anjos e epifanias. E quanto mais a menina de cabelo cacheado, olhinhos pretos brilhantes, mochila nas costas, saia comprida, quase tropeçando no cadarço desamarrado do tênis se aproximava, mais ele doía. Porque sentia no peito a distância que se via ainda maior assim de perto e não conseguia entender como é tinha vivido incompleto, sem aquele skindum, skindum que fazia dançar o pensamento. Tomou um susto quando se deu conta de que tava parado na frente da menina de cabelo cacheado, olhinhos pretos brilhantes, mochila nas costas, saia comprida, quase tropeçando no cadarço desamarrado do tênis que tomou um susto maior ainda porque andava distraída com não-sei-o-quê, porque sempre andava distraída com não-sei-o-quê. Ele sentiu o rosto corar e as pernas tremerem, mas engoliu o medo assim a seco e perguntou num susurro: “joga comigo?” Ela sorriu bem alto um desses sorrisos que fazem cócegas, pegou a pedrinha e atirou bem no céu.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Curtinho.

Eu outro dia disse pra Be, e depois quis que fosse para nós todas.

*****

Queria vocês hoje aqui. Pra um dia de comadres.
Com chá, bolinho de chuva, filme em preto-e-branco e muito papo à toa.
De pertinho.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Feito oração.

Que todo mundo tenha um amor quentinho. Descanso pro complicado do mundo. Surpresa pra rotina dos dias. A quem esperar. De quem sentir saudades. Um nome entre todos. O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança. Por quem acordar. Com quem sonhar antes de dormir. Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar. Um tema pra toda história. Uma certeza pra toda dúvida. Janela acesa em noite escura. Cais onde aportar. Bonança, depois da tempestade. Uma vida costurar na sua, com o fio compriiiiido do tempo.

Feliz Dia dos Namorados, meus amores.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Uma coisa boa

Eu rezo pra tentar me entender
Com chuvas de palavras explico coisas que nem sei. A casa,um caos dentro e fora
Que lua estamos mesmo ?
Tô esperando o verde amadurecer no meu peito
Pra ver se encontro meu coração na esquina
Eu preciso ver estrelas no céu da boca, sambar devagarzinho ou então achar cinquentão no bolso
Eu preciso de surpresa !
Logo me convenço com metáforas das minhas desgraças
E dou risada achando graça desse verde que não amadurece
Verde que ensina e que termina

Me deixando sempre uma cor-resposta
Pra pintar na vida
.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Da chuva que não passa.

Vamo passear? Eu sei que tá nublado. Mas, assim é melhor porque não faz calor. Andar com o sol a pino é que é de matar... Não, não vou levar guarda-chuva. Não gosto de guarda-chuva. Se chover? Se chover a gente se molha ou corre pra baixo de alguma marquise e fica lá até passar. Rindo por estar na rua no meio de um temporal. Rindo das outras pessoas que estão na rua no meio de um temporal. Talvez, alguém olhe pra gente com ar de reprovação. Talvez, alguém olhe pra gente com ar de cumplicidade. E a gente vai rir mais ainda. Rir até cansar. Depois, vai sentir uma certa nostalgia pela cidade pintada de cinza. E suspirar. Aí, vou pegar na sua mão. Encostar o meu lado esquerdo, no seu lado direito. Sentir a sua pele quente e vontade de abraço. Abraço. Vou deitar no seu peito e fechar os olhos. Você vai descansar o queixo sobre a minha cabeça e resmungar. É, você sempre resmunga, tá vendo? E eu sempre pergunto porquê, mesmo quando sei a resposta. Gosto quando você me explica. Qualquer coisa. Você fala com calma, mesmo quando não agüenta mais. Tentando me provar, por A + B, que é o dono da razão e eu, uma louca inconseqüente. Sim, sim, voltando ao passeio... É, tenho que parar com essa mania de mudar de assunto assim de repente. Mas, é que agora não tô com vontade de passear mais não. Vem cá. Tá nublado, né? Acho que vai chover. Melhor nem sair da cama...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Quintais.

Há muitos quintais por aí. De todos os tipos. Os que são repletos de rosas, margaridas, begônias, tulipas. E esses são apelidados de floridos. Há os silenciosos cheios de causas e consentimentos de saudades. Tais possuem um mar de mistérios.
Há quintais que são simples, por isso insistem em guardar dizeres. “-Quintais não falam!” Mas dizem, meu bem. E tanto. Simples, fotografam a mesma borboleta diariamente e à noite montam diálogos longos e escrevem desenhos imaginários. Mesmo sem braços, em um quase não-existir.
Há os quintais que são leves. Perdem-se em sua imensidão para não deixar os visitantes conhecerem seu abismo. Perdem-se em flores e sorrisos desmedidos. Constantes, intensos, incondicionais.
E há a ventania que fere os quintais mais sensíveis. E fere até os brutos, se duvidar. São os brutos que se deixam ferir por não serem tão brutos assim como pensam.
Quintais guardam amor e juntam esperas. Os corações desses quintais batem descompassados porque têm motivos pra bater assim. E, na essência, cada quintal guarda um céu.

domingo, 1 de junho de 2008

rimando se foi


Enquanto rodava, sentia. E sorria.
O amor vinha, sorria. E queria.
Meio desajeitada, recebia.
Querendo mais, pedia.
Ele não entendia.
Sofria.
Sozinha com ele, dormiu,
pela manhã partiu.
Partida.